Com a língua Lhe mentiam

O salmista Asafe continua a contar a respeito da rebeldia do povo contra Deus no deserto:

“Com tudo isto, ainda pecaram, e não deram crédito às Suas maravilhas. Por isso consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos na angústia. Quando os matava, então O procuravam, e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. E se lembravam de que Deus era a sua Rocha, e o Deus Altíssimo o seu Redentor. Todavia lisonjeavam-No com a boca, e com a língua Lhe mentiam. Porque o seu coração não era reto para com Ele, nem foram fiéis na Sua aliança.” Salmos 78.32-37

Quando o problema era superficial, o povo só reclamava e irritava a Deus. Ele resolvia o problema, e mesmo assim ninguém Lhe dava crédito. Note, antes de qualquer coisa, que este trecho deixa bem explícito que este tipo de atitude é pecado: “com tudo isto, ainda pecaram, e não deram crédito às Suas maravilhas”. Reconhecimento do que Deus faz é o mínimo que devemos a Ele. 

Por isso o mal tenta logo roubar nossa gratidão ao nos fazer alimentar ansiedade, para que, dando ouvidos à voz dele em vez de dar ouvidos à voz de Deus, nós sejamos levados a pecar, não dando crédito às maravilhas de Deus, quer nos esquecendo do que Ele fez, quer encarando como algo natural.

“Consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos na angústia” porque foi a isto que eles se entregaram, à vaidade e à angústia. É o que acontece quando não confiamos em Deus, nos entregamos às coisas vãs, à ansiedade e à angústia que naturalmente sentimos quando estamos dependendo de pessoas, de coisas ou da força do nosso próprio braço. Isso é resultado de focar nas circunstâncias em vez de considerar Quem Deus é e o que Ele faz. 

Quando a coisa começava a apertar de verdade, e eles viam outros morrendo ao redor, resolviam buscar a Deus. Mas mesmo esta busca era movida por sentimento, e não era pura. 

“Quando os matava, então O procuravam, e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. […] Todavia lisonjeavam-No com a boca, e com a língua Lhe mentiam porque o seu coração não era reto para com Ele, nem foram fiéis na Sua aliança.” 

Chegavam a acordar de madrugada para buscar a Deus, então a gente poderia imaginar que aquela busca era sincera, mas aqui Deus afirma que o coração deles não era reto para com Ele. Muito provavelmente porque o seu interior não havia mudado. Eles continuavam dando espaço para a dúvida e para as suas próprias vontades.

A aliança era de guardar os mandamentos e se separar para Deus, sacrificar as suas vontades pela dEle, e isso eles não estavam fazendo. Acordavam de madrugada para orar, até lembravam de que Ele era a sua Rocha e o seu redentor, mas não sacrificavam sua vontade por Ele, não regiam seu coração, não escolhiam o caminho estreito, não negavam a si mesmos. 

Interessante como Deus vê isso. Ele diz que eles O lisonjeavam com a boca, e com a língua Lhe mentiam, porém, garanto que eles achavam que estavam sendo sinceros. A realidade, porém, é que se as suas ações, intenções e pensamentos não acompanharem as suas palavras, seu discurso será visto por Deus como mentira

Está cheio de religioso mentiroso por aí. Acha que adora a Deus Lhe dizendo palavras bonitas, ou cantando musiquinha gospel, mas não obedece à Sua Palavra e no dia a dia quer viver do seu jeito. Ele vê este comportamento como é: mentira.

Não é que atitudes valham e palavras sejam desnecessárias. Atitudes e palavras são igualmente importantes, mas, como já disse e repito mil vezes: não importa o que você diz sobre Deus, nem o que você diz para Deus, o que importa é se as suas palavras estão alinhadas às suas intenções e às suas atitudes. Porque tão ruim quanto chamar Deus de mentiroso é ser mentiroso diante dEle. A boa notícia é que é possível consertar isso. Como sempre, a solução é simples: parar de errar e, a partir de agora, colocar em prática o que sabe que precisa fazer para começar a acertar. 

Mais posts sobre o Salmo 78:

1 – Governando o coração

2 – Negando Jesus

3 – Provocando ao Altíssimo na solidão

4 – Mesa no deserto

5 – Rios em abundância

6 – O pão dos anjos

7 – Maus olhos contra Deus

8 – Com a língua Lhe mentiam

9 –  Ele, que é misericordioso

 

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Jejum de Daniel, dia 17

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Maus olhos contra Deus

“Ele lhes mandou comida a fartar. Fez soprar vento do oriente nos céus, e o trouxe do sul com a Sua força. E choveu sobre eles carne como pó, e aves de asas como a areia do mar. E fez cair no meio de suas habitações. Então comeram e se fartaram bem, pois lhes cumpriu o seu desejo. Porém, não refrearam o seu apetite. Ainda lhes estava a comida na boca, quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais robustos deles, e feriu os escolhidos de Israel.”  Salmos 78.25-31

Deus disse que enviaria codornizes o suficiente para que comessem por um mês inteiro. Logo no primeiro dia eles comeram e se fartaram bem, ou seja, já lhes era o suficiente. Mas mesmo assim, não refrearam o seu apetite. Comeram além do limite, só para satisfazer sua vontade de se empanturrar. Lembre-se de que o principal problema desse povo, o que gerava praticamente todos os outros problemas deles, era o fato de não governarem o próprio coração. O problema maior deles era deixar o coração tomar as decisões.

Não refrear o apetite quando já estavam saciados mostrou que eles continuavam se deixando levar por suas vontades. Há diferença entre querer e precisar. Entre vontade e necessidade. Eles estavam se deixando levar pelo coração, depois de Deus já ter dito expressamente para não fazerem isso. Ele fez a vontade deles e eles desobedeceram imediatamente depois! O que mostrou que não tinham mudado em nada. Continuavam não regendo o coração, se deixando guiar por suas vontades e impulsos. Não estavam gratos pelo que receberam. Possivelmente estavam comendo desesperadamente por não saberem se teriam de novo, por duvidarem que aquilo aconteceria mais uma vez.

É o que já havíamos percebido no trecho anterior, a dúvida persistente irrita a Deus, pois O chama de mentiroso, não considera Suas palavras e Sua benignidade. O povo tratava Deus como um cliente arrogante e mal educado trata um garçom em um restaurante. Só reclama, procura defeitos, nada nunca está bom, não é grato por nada, quando recebe até agradece e fica feliz na hora, mas um segundo depois está duvidando de novo. Quantas vezes, por medo, insegurança ou ansiedade já fizemos a mesma coisa?

Qual é a saída desse hábito horroroso? Pelo que vimos até agora, reger o coração, isto é, sacrificar sua vontade para obedecer e confiar em Deus. Lembrar de tudo o que Ele já fez e de Quem Ele é, crer que Ele quer o seu melhor, sempre esperar fantásticos Deus ex machina e ser grato a Ele o tempo todo, mantendo a gratidão mesmo após o milagre. E esperar dEle sempre a resposta, o melhor, o fantástico, o incrível. 

E como se mantém a gratidão mesmo após o milagre? Mantendo na mente o que Ele fez. Não se esquecer é uma decisão que a gente toma. Porque o diabo vai sempre ficar criando situações para nos distrair e fazer a gente se lembrar do problema imediato em vez de se lembrar do que Deus já fez. A gente decide quais memórias vai reforçar em nossa mente. Por isso a importância de fazer todos os dias o que temos feito: meditar na Palavra dEle, e nas obras dEle em nossa vida, fazer anotações para registrar bem e lê-las de tempos em tempos. 

Se estamos hipnotizados com palavras do mal, repetidas muitas vezes em nossa mente, e honrando com nossa memória as coisas ruins que o diabo nos fez o concentrados só no que não temos, consequentemente viveremos sempre mal. É preciso fazer um esforço consciente para manter as coisas de Deus em nossa mente, pois o mundo nos puxa para baixo. Mas não estamos sozinhos nesse esforço. Se entregamos nossa vida a Deus e O buscamos diariamente, Ele nos ajuda a pensar certo e, com o tempo, isso vai ficando mais e mais natural e vamos substituindo a programação das palavras do mal pelas palavras de Deus. 

Há quem veja essas histórias e ache que o erro do povo foi pedir. Ficam envergonhados por estarem incomodados com alguma situação ruim na vida e terem pedido para Deus socorro. O erro não é pedir. Ele nos ensina a pedir, Ele nos diz para pedir, Ele espera que a gente peça. Temos o direito de pedir. O que não temos é o direito de duvidar. 

O problema do povo é que tudo o que faziam — o pedir, o reclamar, e até o comer em excesso — era movido por dúvida, por um olhar mau em relação a Deus. Sim, eles viam Deus com maus olhos, que é o que acontece com quem diz crer em Deus, mas vive ansioso e com medo. Isso é dúvida, isso não é fé. Crer em Deus não é só crer que Ele tem poder para fazer as coisas, crer em Deus é crer que Ele quer e vai fazer as coisas. 

Se você tem medo ou ansiedade, não está crendo. E sinto muito ter de lhe dizer a verdade. Medo e ansiedade são sintomas de que você não está na fé. E a solução para isso é buscar a Deus até que essa CERTEZA esteja dentro de você. Mas não espere que a fé esteja dentro de você enquanto seus dias são dedicados a fazer as coisas do seu jeito, sem considerar o que Deus quer. Quando você se deixa levar pela sua própria vontade, por seu coração, alimentando o seu corpo, as suas vontades e não o seu espírito. Enquanto sua vida for sua, você vai ser levado pelo resultado natural das coisas. Mas a partir do momento em que você verdadeiramente rende sua vida a Deus, se entrega de verdade a Ele, aí começa a viver o sobrenatural. 

Então, quando um problema vier, uma ameaça ou uma mudança que traz insegurança, a sua reação vai ser FALAR COM DEUS imediatamente e entregar aquela nova situação a Ele. E, então, confiar na benignidade e na fidelidade dEle, que prometeu cuidar de você como um pai cuida do seu filho. 

Mais posts sobre o Salmo 78:

1 – Governando o coração

2 – Negando Jesus

3 – Provocando ao Altíssimo na solidão

4 – Mesa no deserto

5 – Rios em abundância

6 – O pão dos anjos

7 – Maus olhos contra Deus

8 – Com a língua Lhe mentiam

9 –  Ele, que é misericordioso

Leia também:  

Deus ex machina

Cada vez que murmuravam, ficavam mais longe do que queriam

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Jejum de Daniel, dia 16

 

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